1/18/2007

O DESAFIO DA COMPETITIVIDADE E DO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO LOCAL - Imprensa


Actividade económica do Baixo Vouga está a desacelerar
www.noticiasdeaveiro.pt 16-JAN-2007 23:10


O Baixo Vouga tem perdido notoriamente competitividade nos últimos anos face a outras NUT 3 da Região Centro, apresentando um modelo económico que "deu o que tinha a dar".

A constatação foi feita terça-feira à noite por Anselmo Castro, especialista em dinâmicas territoriais durante um encontro organizado pelo PS de Aveiro no âmbito do ciclo de debates "Visões de Futuro para Aveiro”.

Numa intervenção alusiva ao tema "Desafio da competitividade e do desenvolvimento económico local", o investigador da Universidade de Aveiro (UA) analisou dados estatísticos oficiais concluindo que o Baixo Vouga foi de todas as NUT 3 "a que menos cresceu" até 2003. "Para a frente, estou convencido que é pior", afirmou.

Uma das causas apontadas decorre do facto dos concelhos da região de Aveiro apresentarem actualmente índices de formação dos recursos humanos, nalguns casos "piores do que Castelo Branco e muito longe de Coimbra", o que penaliza a actividade económica. "Aveiro só está acima da média até ao nono ano", ironizou o docente universitário.

O Baixo Vouga possui actividades industriais fortemente exportadoras, que contribuem grandemente para a balança de pagamentos, mas são "modelos baseados em mão-de-obra barata e pouco qualificada que deram o que tinham a dar."

Potencial de I&D tem de ser melhor aproveitado


Pela positiva, Anselmo Castro destacou a existência de "um potencial de Investigação & Desenvolvimento (I&D) pujante", com Aveiro a deter 35 patentes das 42 registadas no Centro, o que é um reflexo da actividade da UA.

O problema, no entanto, é que o conhecimento "não passa" para as empresas, talvez porque o próprio tecido produtivo não tem capacidade para chegar ao nível das universidades."

Para Anselmo Castro, é necessário definir estratégias e acções concretas para alterar estes e outros constrangimentos actuais, tendo desafiado o PS a assumir a condução do debate.

O especialista defendeu vários caminhos a seguir, como a qualificação de factores de produtividade, reforçar a competitividade de sectores tradicionais e de actividades com elevado potencial, como as tecnologias, maquinaria, novos materiais, indústrias do ambiente, serviços de apoio às indústrias, inclusivamente do turismo.

Decisores têm de partilhar competências

O debate contou ainda com o contributo do presidente da Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial (APGGEI) que abordou aspectos relacionados com a importância da actividade empresarial no desenvolvimento regional.

José Romão de Sousa considerou "fundamental" a existência de "pontos de intercepção de competências" entre decisores (empresas e Estado). "Se isso não for feito, a prosperidade de ambos vai sofrer", alertou.

Para o gestor e empresário, "o paradigma da competitividade mudou radicalmente" e o País ressentiu-se. "O drama é que não descobrimos alternativas. Há algumas, mas são pouco conhecidas."